segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

TOURO (2)

           
ZEUS  E  IO
( F. MASON , 1875-1965 )
Os gregos têm uma outra história ligada à segunda constelação do Zodíaco. Ela nos fala de Io, um dos amores de Zeus, uma belíssima princesa argiva. Valendo-se dos préstimos de Oniro, deus do sonho enganador, um dos filhos de Hypnos, deus do sono, Zeus conseguiu fazer com que ela fosse transportada para Lerna, onde conseguiu manter relações carnais com a jovem. Io contara inclusive ao pai o episódio do “rapto” de Oniro e o seu “transporte” para Lerna, onde fora possuída pelo Senhor do Olimpo. Nesse meio tempo, Hera, desconfiada de mais essa aventura do marido, preparou-se para destruir a jovem princesa. Zeus agiu rapidamente, transformando a jovem numa novilha, mantendo-a por perto. Hera, vendo o belíssimo animal, exigiu de Zeus que ele lhe fosse entregue, o que aconteceu. Hera colocou-o sob a vigilância do dragão Argos, o de Cem-Olhos. Zeus, porém, insaciável, tomando a forma de um touro, visitava-a regularmente. 


HERA ,  IO  , ZEUS


Um dia, Zeus resolveu libertar Io-novilha do dragão, pedindo a Hermes que tomasse as devidas providências para tanto. Hermes convocou Hypnos, o deus do sono, que, adormecendo o monstro, lhe deu possibilidades de matá-lo, decepando-lhe a cabeça, sem problemas. Tomando conhecimento da morte do vigilante dragão, Hera, no sentido de homenageá-lo, lançou os seus cem olhos na cauda de uma ave até então sem nome. Desde então essa ave, denominada pavão, passou a ser um dos símbolos da Senhora do Olimpo. 


IO ,  ARGOS ,  HERMES ( G.A. RUSCONI , 1553 )

Desde que se tornou atributo de Hera, o pavão, ao dormir, só fechava cinquenta dos olhos de sua cauda. Tornou-se, na antiguidade mediterrânea, a ave-símbolo do esplendor celeste e da
PAVÃO
glória divina, evocando a multiplicidade da criação. Sempre relacionado com as serpentes, o pavão, segundo a tradição grega, não só absorve o veneno delas como as destrói. Sempre em função da sua cauda e de sua magnífica plumagem, o pavão, restrito como símbolo ao plano humano, passou a representar o narcisismo,  o amor pela própria imagem, o orgulho, a vaidade, um sentimento de beleza que costuma levar ao isolamento. 






Continuando a dar vazão aos seus ciúmes, Hera enviou então um gigantesco moscardo para enlouquecer Io-novilha com as suas dolorosas e ininterruptas ferroadas. Desesperada, ela fugiu, atravessando a nado um estreito que separa a Europa da Ásia. Por essa razão, tal acidente geográfico passou a ser chamado, desde então, de estreito de Bósforo, literalmente, do grego, a passagem da
ISIS
vaca). Depois de vagar por toda a Ásia, Io-novilha chegou finalmente ao Egito, onde, depois de tanto sofrimento, retomou a sua belíssima forma humana, que permaneceu intacta. Lá, deu à luz um filho, de nome Épafo, que se unirá, mais tarde, a Mênfis, filha do deus-rio Nilo. Dessa união nascerão Líbia, Lisianassa e Tebe. Io será adorada no Egito como a deusa Ísis, tendo por emblema a Lua crescente.

A história que está acima, ao atribuir a ísis, Grande-Mãe egípcia, uma origem grega explica-se obviamente pelas tendências imperialistas que os gregos sempre demonstraram com relação à sua civilização, tanto sob o ponto de vista econômico como religioso. Fatores como a pobreza do solo, dificuldades na obtenção de alimentos e domínio total das terras pelos aristocratas, fez com que os gregos, desde períodos muitos remotos, se aventurassem num grande movimento migratório, patrocinado por uma política imperialista,  na direção  do mar Negro e do Mediterrâneo. Ao buscar terras cultiváveis, fundaram cidades, colônias, sendo um item importante dessa política o religioso. Em muitos casos, a colônia grega (apoikia), lembres-se, era um estabelecimento autônomo somente unido à metrópole laços religiosos. Embora o Egito só tivesse se tornado de fato uma colônia grega com a sua anexação (e de outros países como a Pérsia e parte da Índia) ao império greco-macedônico no século IV aC,  as civilizações grega e

egípcia, esta muito mais antiga que a outra, sempre haviam mantido contactos. O texto homérico, A Odisseia (sécs. IX-VIII aC), é um exemplo do que aqui se expõe. Esta "interferência" grega na mitologia de outros países, neste caso do mito de Io-novilha, se completa com a transformação de seu filho Épafo, pelo seu casamento com Mênfis, como está acima, num ancestral do povo líbio, país vizinho do Egito.    


Segundo algumas versões gregas, Zeus colocará nos céus, como a constelação de Touro, a forma taurina que tomou quando de sua ligação com Io. Ísis, como sabemos, será adorada como deusa suprema e universal, mãe da natureza e de todos os elementos, espalhando-se o seu culto, a partir do Egito, por todo o mundo do Mediterrâneo e da Ásia Menor.

Os gregos associavam também o signo de Touro ao deus Dioniso, na medida em que este animal (o bode também) representava as forças incontidas da fecundidade. Por isso, ambos os animais eram as vítimas propiciatórias que apareciam no seu culto. Deus da vegetação, da vinha, da exuberância da vida animal, Dioniso era, por excelência, o renovador da vida, o deus das metamorfoses. 

Por ter retirado sua mãe do Hades, Dioniso era considerado uma divindade libertadora do mundo infernal, um deus ctônico, portanto, que simbolizava a alternância da vida e da morte (ressurreição). O culto de Dioniso,  significa, no fundo, uma das mais profundas e significativas tentativas do homem grego e exemplarmente para a humanidade em geral, no sentido de destruir as prisões materiais e psicológicas nas quais ele (ela) mesmo se encerra. Neste
MISTÉRIOS  DE  ELÊUSIS
sentido é que o culto de Dioniso (Mistérios de Elêusis) significa, para homem, um esforço de espiritualização pela liberação das energias que deverão se alinhar com seu eu superior e não mais se colocarem a serviço  exclusivo de sua vida material. Por isso, em seu culto, um dos animais do sacrifício era o touro, como símbolo da vida material. 

Lembremos que o signo de Touro tem relação com tudo o que é massa, peso, espessura, estabilidade, força, resistência, calma,
DIONISO
reações fortes, tempestades instintivas. “Sacrificar o touro” significa buscar uma vida mais espiritual no sentido de ser obtido o triunfo sobre as paixões materiais, sobre a sensualidade incontida. O culto de Dioniso propõe, assim, um empenho no sentido de uma conquista da besta interior (vida instintiva) que há em todo ser humano. Astrologicamente, por isso, o signo está ligado à plenitude da sensorialidade terrestre alimentada por uma grande capacidade de trabalho, por um espírito prático e realista e por uma vontade de possuir e de acumular que costuma ser superlativa. 

Dioniso se afirma como um deus infernal ao prometer o renascimento. As suas festas, como as de Osíris no Egito e as de Shiva na Índia, são muito semelhantes. O mito de Orfeu nos fala
DIONISO
desta semelhança ao se referir à viagem que ele teria feito à terra das pirâmides para de lá trazer ritos que falam da dissolução da personalidade, da sua regressão a formas caóticas e primordiais. A liberação dionisíaca pode ser evolutiva ou involutiva, espiritualizante ou materializante. Outra não é a ideia que nos traz a bebida “inventada” pelo deus, o vinho, a bebida da imortalidade, que pode levar ao inferno também.



PERSÉFONE   E   ZAGREU

A melhor compreensão da multifacetada personalidade de Dioniso e consequentemente do signo de Touro só ficará mais completa se atentarmos para o que o mito nos revela sobre o seu nascimento. Dioniso nasceu como Zagreu (o Grande Caçador, etimologicamente), filho de Zeus e de Perséfone, nome pelo qual era muito reverenciado em Creta, muito difundido o seu culto. A intenção de Zeus era a de preparar este filho para sucedê-lo como divindade universal. As Moiras, porém, ao que parece pela primeira e única vez, contrariaram os desígnios do Senhor do Universo, apesar das providências que ele tomou para protegê-lo da sanha persecutória da sua imperial esposa, a deusa Hera. Embora protegido por Apolo e pelos Curetes, o menino-deus foi localizado pelos Titãs nas florestas do Parnaso, raptado e despedaçado. Antes que se consumasse o diasparagmos pelos Titãs, Zagreu, para tentar escapar dos seus algozes, tomou várias formas. A última foi a de touro, uma das formas que desde então o representará. 


INFÂNCIA   DE   DIONISO

O mito prossegue: os pedaços de Zagreu foram cozinhados num enorme caldeirão e depois devorados pelos Titãs. Zeus fulminará os assassinos de seu filho, transformando-os em pó. Desta poeira, ou melhor, destas cinzas misturadas à terra, nascerão os humanos (os nascidos do húmus). É por esta razão que os seres humanos terão uma parte humana, a maior, o seu lado material, o do Mal, e uma pequena parcela divina, o seu lado do Bem (os restos de Zagreu). Diz o mito que antes de todos os pedaços de Zagreu-Touro terem ido para o caldeirão a deusa Palas Atena conseguiu recuperar o seu coração, levando-o para Zeus. É desse coração que nascerá o segundo Zagreu, com o nome de Dioniso, aquele “que nasceu duas vezes”, também chamado de Ditirambo, “o que passou duas vezes pela porta.”

Esta forma taurina de Dioniso faz parte, desde então, de manifestações que encontramos em mitos, religiões e no folclore, em várias tradições. No Brasil, por exemplo, do sul ao norte, as histórias sobre o boi, principalmente no norte e no nordeste,
BUMBA - MEU - BOI

estão inseridas no seu contexto cultural como tema fundamental de folguedos, canções, literatura de cordel e tantas outras celebrações com diferentes nomes: Boi-Bumbá, Bumba-meu-Boi, Boi-de-Reis, Reisado, Boi-de-Mamão, Boi-Calemba, Surubim e muitas outras. Vários ritos, festas e cerimônias de caráter popular que encontramos ainda hoje em muitas culturas, lembremos, não são mais que reminiscências do touro como animal totêmico e de suas relações com os cultos dionisíacos. Cito, por exemplo, a Farra do Boi que veio do mundo mediterrâneo para o Brasil através dos imigrantes ibéricos, “diversão” ou “comemoração”, que repete o assassinato de Zagreu. 

TOURADA
Dentre todas reminiscências a que nos referimos avulta sobre todas a da tourada, o El Toreo dos espanhóis. Em nome de uma verborragia “heroico-estética” e do culto da virilidade, temos, na realidade, com as touradas, em que pese o seu “charme”, nada mais que carnificina, crueldade e hipocrisia. O toureiro, transformado em herói, figura na qual o público se projeta, mata a besta exterior para que sua besta interior (as paixões escravizadoras de cada um) permaneça intacta. O mal é então levado pelo touro sacrificado; seu sangue é interpretado como uma purificação. Esta tradição, a da vítima sacrificial, nós a encontramos em todas as tradições (no Levítico, por exemplo). Ela tipifica uma tendência universal, inerente à condição humana, a do homem projetar a sua própria culpa sobre outrem a fim de apaziguar a sua consciência, que sempre tem necessidade de um responsável, de uma punição, de uma vítima.  

No simbolismo chinês, o signo de Touro tem relação com o hexagrama Kuen, o receptivo, terra sobre terra, composto por seis traços descontínuos, femininos (os traços masculinos são contínuos). A imagem deste hexagrama lembra a terra voltada para o céu, a mãe e o pai em relação, o tempo se abrindo para o espaço. O simbolismo aqui envolvido sugere também que a força (masculino) deve reconhecer a superioridade da nutrição (feminino), pois ela, a força, sem a nutrição não é nada. Assim, ambos se encontram indissoluvelmente ligados. Depreende-se desta ligação a importância que tem a nutrição (Touro) para que a força seja conquistada e mantida. Este entendimento está expresso, por exemplo, nos Vedas (livros sagrados dos hindus), em hinos, neles se falando que o Touro deve enlaçar o Fogo (Áries, Mesha) para que seja possível a construção humana, que deverá manter uma analogia perfeita com a construção divina do Cosmos. 

Entre os judeus, Touro é Iyar, formado pela letra Vav. O órgão humano que no simbolismo cósmico corresponde a este signo é o rim direito, que, segundo o Talmud, é a fonte de bons pensamentos.
TORÁ
A tribo com ele relacionada é a de Issakar, a que se dedica ao estudo da Torá. Issakar, no Gênesis, é chamado de “asno forte, bom para o trabalho penoso.” Noutra passagem (Reis, cap. I), o mês do signo é chamado de Ziv, brilhante, devido ao aumento do poder solar, que nele se torna mais intenso, ou seja, no mês de maio, o auge da primavera. A mesma ideia de luz, de brilho, é encontrada na designação Ohr, usada pelos babilônicos.   

A tribo de Issakar, que trabalhava arduamente com a Torá, era a detentora do conhecimento que conciliava os calendários solar e lunar e que estabelecia o início de cada mês lunar. Lembremos que o calendário judaico é lunar e o ano, por isso, pode conter doze ou treze meses lunares, começando cada um deles com a Lua nova. Segundo a tradição judaica, quando da criação do mundo, os luminares eram iguais em luz, mas como não poderia haver essa igualdade, a luz da Lua foi diminuída. A Lua simboliza o povo de Israel, cuja sorte oscila como ela. A luz da Lua voltará a se igualar à do Sol no final dos tempos, quando da vinda do Messias. Por isso, eclipses lunares são aziagos para os judeus, pois quando a Lua míngua as forças do mal crescem. Dormir à lua da Lua é sempre perigoso por causa da ação de forças demoníacas femininas, diz a tradição judaica.



JUDEUS  APANHAM  MANÁ  NO  DESERTO  ( ÉVORA )

O signo de Iyar está relacionado, num primeiro momento, com o temor. A palavra temor em hebraico tem as mesmas letras do signo. O temor de Deus deve nascer logo neste signo porque ele é um pré-requisito para o recebimento da Torá, como nela se estabelece: O temor dos céus é o começo da sabedoria. Astrólogos judeus dizem também que o mês do signo é auspicioso para curas já que a
MOISÉS ( P. CHAMPAIGNE )
primeira causa das doenças está no consumo de alimentos impróprios e depois numa digestão e assimilação deficientes. Foi durante este mês, no seu décimo quinto dia, numa Lua cheia, que os judeus, vagando pelo deserto com Moisés, começaram a comer o maná, o “pão dos céus”, chamado de o “alimento dos anjos”. O maná é uma espécie de orvalho que alimentou os judeus durante o êxodo. O maná foi produzido ao crepúsculo do sexto dia da Criação e é o alimento dos justos e dos anjos do céu. Era totalmente assimilado pelo corpo, não deixando resíduos que tivessem que passar pelo sistema digestivo, tendo o sabor que as pessoas quisessem. 

A astrologia judaica nos diz que o elemento de Iyar é a terra, significando isto que o elemento do signo anterior, fogo, entendido espiritualmente, deve no signo que lhe segue procurar um foco, uma objetivação, algo tangível. Negativamente, as energias de Iyar se manifestam na esfera do desejo, quando os judeus, no deserto, reclamaram a Moisés a falta de carne para comer. Foi durante este mês que os judeus, no deserto (Sinai), manifestaram também fortes desejos de conforto e relaxamento. Lembram os judeus que o elemento terra é, energeticamente, o de menor vibração. Este comportamento, manifestado no Sinai, dizem os astrólogos, tem relação direta com a natureza teimosa e rebelde do touro. 

Em oposição aos signos de Nissan e de Iyar estão os de Tishrei (Libra) e Heshvan (Escorpião), que caracterizam as tribos de outros dois irmãos, Manassé e Efraim. A tribo de Heshvan tem relação com o olfato, entendido, simbolicamente, como discernimento intuitivo. O episódio que deu origem à interpretação do olfato desta maneira está no episódio bíblico que tem como personagens José, o pai dos dois mencionados irmãos, e da mulher de Putifar. 



JOSÉ  E  A  MULHER  DE  PUTIFAR ( J.B. NATTIER )

José é filho do patriarca Jacó e de sua esposa preferida, Raquel. É o modelo do homem justo e probo (tsadik), que é protegido do mal por Deus e cujos descendentes não são afetados pelo mau-olhado. Dez de seus irmãos tramaram matá-lo, jogando-o num poço cheio de serpentes e de escorpiões. Conseguiu escapar e acabou sendo vendido como escravo a Putifar, oficial egípcio. Lá, conseguiu resistir bravamente ao assédio da mulher de Putifar, Zuleika, porque o pai lhe apareceu em sonhos e salvou-o da tentação. Desde então, todos os membros da tribo de Hashvan adquiriram esse discernimento que pode ser usado não só em questões de sexo mas em todas as outras da vida material. Esse discernimento se traduz pela pureza das intenções, de pensamentos e sobretudo pelo temor divino. Na Bíblia, em muitas passagens, o sentido do olfato aparece sempre associado à santidade, à pureza e ao discernimento. O nariz, como o olho, é um símbolo de clarividência e da perspicácia, mais intuitivamente que racionalmente. 

Entre os judeus, José é o sexto dos seus sete pastores (Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Aaron, José e David). Estes sete pastores correspondem aos sete atributos: graça, poder, beleza, vitória, glória, fundação e realeza. O nome de José está ligado entre os judeus a ideias de fecundidade e beleza. Etimologicamente, José (Joseph), significa juntar (yasoph) e reunir e apagar (asoph). Raquel, a mãe de José, diz Deus apagou a minha vergonha, ao dar à luz, depois de estéril por muito tempo. O “ph”, ao final de José, indica um vivo movimento de libertação (oph quer dizer voar) e soph traduz uma ideia de limite, de fim de uma realização. 



JOSÉ  INTERPRETA  SONHO  DE  FARAÓ ( A. VAN  BLOCKLANDT ) 

José, por seus méritos de oniromante, demonstrados na prisão, foi chamado à presença do faraó. Interpretou para ele um sonho que ele tivera e que ninguém explicava: ele sonhara com sete vacas gordas, com sete vacas magras, com sete espigas de trigo cheias e com sete espigas de trigo secas, queimadas pelo vento. José explicou ao faraó as suas visões: sete anos de grande abundância viriam para o Egito; a eles seguir-se-iam sete anos de fome. José propôs ao faraó a administração do problema do seguinte modo: conservar os níveis dos silos reais de modo que quando chegasse o tempo das “vacas magras” ou das “espigas secas”, eles estivessem cheios para que o povo não passasse fome. 

Satisfeito com a resposta, o faraó nomeou José como vizir, dando-lhe o nome de Safenath-Peneah (Deus disse:ele viverá). Aos 30 anos, recebeu como esposa Asenath, que lhe deu dois filhos, Menassé (Aquele que esquece) e Efraim (O fecundo). Durante os sete anos de abundância ele poupou o trigo de tal modo (sem que o povo passasse fome) que, no período das “vacas magras” o Egito era o único país do mundo de então a não ter problemas com a escassez de alimentos. Muita gente, por isso, se dirigiu ao Egito em busca do trigo. José então abriu entrepostos para a venda do trigo excedente, ganhando o país muito dinheiro. Iniciadas as vendas, dentre os primeiros a buscar o alimento, estavam os seus irmãos (que o haviam aprisionado no poço e depois vendido como escravo), vindos do país de Canaã. José não revelou quem era e os irmãos pagaram com muito sacrifício pelo alimento. Retornando, os irmãos encontraram o dinheiro que haviam gasto, devolvido secretamente por José. 

Numa segunda visita ao Egito, os irmãos de José foram denunciados por um roubo que não haviam cometido. José mandou chamá-los e revelando-se lhes pediu que fossem buscar Jacó, o pai
JACÓ  LUTA  COM  ANJO
( REMBRANDT )
de todos, e com ele viessem a se instalar no Egito, em Goshen, a leste do vale do Nilo (Gênese, 45, 1). Jacó, ao receber a notícia, gritou: Meu filho José ainda vive; quero partir e vê-lo antes de morrer. Antes de morrer, Jacó perfilhou seus netos, os filhos de José (Menassé e Efraim), e os abençoou. José morreu com 110 anos, depois de ter obtido dos irmãos, ao morrer, a promessa de que seus ossos seriam levados com eles para onde fossem. Tal aconteceu efetivamente, encarregando-se Moisés de fazê-lo. A conclusão da história de José, segundo a Bíblia é a de que Deus, algumas vezes, transforma as piores ações em boas ações (Gênese, 45. 5-8).