sexta-feira, 11 de março de 2016

ASTROLOGIA E SAÚDE - VIII

                                        
Sinastrias - O outro como doença? Já vimos que as doenças podem ser classificadas de várias maneiras. Segundo as suas causas, elas podem ser produzidas, por exemplo, por agentes físicos (frio, calor, umidade, secura etc.), por agentes químicos, tóxicos, parasitas, vírus, bactérias etc. Agente, sob o ponto de vista médico, é toda força ou substância que pode produzir um efeito. Dentre os agentes externos, o ser humano é o mais deletério (etimologicamente, destrutivo, danoso, nocivo à saúde), aquele que mais destrói, causando o aparecimento de doenças, de pestes, de epidemias, e mata.  





NÓS   LUNARES

As doenças, astrologicamente, como vimos, têm a ver com todo o nosso mapa astral. Além do que já citamos, para nos auxiliar nos diagnósticos, podemos recorrer ao mapa levantado a partir do Nó Lunar sul, a Cauda do Dragão, conforme exporemos mais adiante.



Antes, porém, vamos às sinastrias, sempre muito úteis para se determinar, neste capítulo das patologias, como o “outro” pode nos afetar. Sabemos que o “outro” poderá se relacionar conosco através de aspectos estimuladores, estabilizadores, inibidores ou conflitantes. 

Suponhamos que o planeta Júpiter de alguém se coloque na casa nove do nosso mapa. Dali, ele fará uma quadratura com a nossa casa seis (aspecto decrescente, objetivo), ativando-a com uma contribuição de nona casa. Um certo descontrole em nossa vida poderá aparecer. Ideias, questões propostas por ele, influências religiosas etc., isto é, pelo que esse Júpiter é no mapa desse alguém, poderão trazer problemas para os assuntos da nossa casa seis. Lembremos inclusive que, por derivação, a nossa casa nove tem relação com cunhados e, como terceira casa da nossa sétima, poderá também nos fornecer indicações sobre a maneira de pensar e de se comunicar do nosso parceiro. Se esse Júpiter do “outro” fizer, por exemplo, um aspecto de quadratura com o Marte que temos na sexta casa, poderemos ter que enfrentar problemas que afetarão nossos horários, nossa agenda, nossa saúde. 

Se meu parceiro, outro exemplo, coloca seu Júpiter em conjunção com meu Marte, terei uma hiperatividade transmitida. Se fosse Saturno, eu teria que lidar com contrariedades, atritos, obstáculos. Se o aspecto viesse de baixo, Marte do parceiro na minha segunda casa, fazendo aspecto com um planeta que eu tivesse na quinta casa, os problemas estariam em mim, isto é, no sentido que eu daria a essa pressão, pois o aspecto é de natureza crescente, subjetivo. 

Se uma Lua de alguém se colocar no meu mapa, por exemplo, essa Lua, por sua natureza essencial, sempre significará memória, tradicionalismo, hábitos, idiossincrasias, atavismos, mas sempre se referindo ao que ela significar no mapa dessa pessoa. Lembrar que os planetas que alguém coloca no nosso mapa nos afetarão segundo o que significam para esse alguém. 

Por isso, devemos procurar sempre nos ligar, não a pessoas “gêmeas”, que poderão acentuar as nossas tensões, mas a pessoas que tenham nos seus mapas planetas que, formando aspectos harmônicos com os nossos, que nos ajudem a liberar melhor a nossa energia. Se sou geminiano pelo Sol, por exemplo, devo tentar me aproximar de pessoas que tenham planetas em Aquário, Libra, Áries e Leão.

Observar, contudo, que numa sinastria nem sempre os aspectos desarmônicos formados entre planetas dos mapas analisados significarão dificuldades, conflitos, contestação etc. Exemplo: Mercúrio em Gêmeos em quadratura com Mercúrio em Virgem. Este aspecto, realmente, se não for trabalhado pelos parceiros envolvidos, poderá se tornar uma fonte constante de atritos e de tensão, pois ambos pensam de modo diferente. Entretanto, ambos poderão se completar de algum modo até muito favoravelmente na medida em que reconhecidas e aceitas as qualidades positivas de cada um.

Este item das sinastrias poderá ser também estendido de modo muito frutífero para a distribuição elementar dos mapas colocados em relação sinástrica. A pergunta a ser feita então é: será que o outro poderá me trazer o elemento que me falta, para que eu me equilibre melhor? 

Sou terra, não muito animado, pouco ativo, inibido; o outro me traz fogo. Teremos um conflito aberto ou, trabalhada a diferença, discutindo-a, poderemos reciprocamente nos ajudar? Difícil, sem dúvida, este arranjo, mas possível se nos dispusermos ao trabalho (interior), auxiliados pela boa análise astrológica. 

Os raciocínios quanto ao jogo dos elementos podem ir longe.
CALCINAÇÃO   EXAGERADA
Tenho uma dominante água muito significativa, tudo em mim é sonho, imaginação, fantasia, empatia, emoção; o outro me traz fogo; posso sentir alguma atração por ele, mas esse contacto talvez provoque muito “vapor”, se a calcinação for exagerada. A discutir, pois, a contribuição de cada elemento, usando para tanto, subsidiariamente, os demais, na busca de uma possível harmonização.


Se meu consciente é água, meu inconsciente está em ar. Alguém de ar poderá me interessar. No início, quantas informações, sugestões; depois, talvez, o cansaço, a perda de interesse, pois não estou a fim de lidar com tantas novidades. Como equilibrar melhor a dosagem elementar?

Os signos que mais se “aborrecem” ou se “cansam” quando alguém invade certas áreas de seus mapas são os mutáveis, os de ar especialmente, que sempre precisam se movimentar em busca de novidades, muitas delas geradoras de crises. As pessoas com dominante terra, de um modo geral, “desanimam” os mutáveis. Já uma pessoa com dominante terra pode ser  “inundada” por outra, de água, se esta lhe impuser, por exemplo, a pretexto de espiritualizá-la, a frequência a ambientes espiritualizados ou a práticas de rituais religiosos. A médio prazo, ela aguentará? Ela poderá sentir até, com o tempo, muita falta desse contacto espiritual, mas isso nem sempre funciona a contento. Temos que tomar cuidado com a máxima “semelhante cura semelhante”. Se tenho uma dominante água e o outro também, nossa fome de emoções e de sensibilidade poderá nos afogar. Transformar-nos-emos em dois barcos perdidos?

Temos, por isso, que ficar atentos quando o outro coloca a sua dominante elementar no nosso inconsciente. Esse jogo nem sempre funciona a contento no convívio diário. Sou terra, o outro coloca a sua dominante fogo no meu inconsciente. Dará? Exemplo: mães com dominante água sempre tendem a vampirizar os seus filhos. Já pais com dominante fogo (Áries e Leão, sobretudo) costumam se intrometer bastante na vida dos filhos ou, ao contrário, podem se omitir, ocupados que estão com o seu ego. Qual o elemento dominante no mapa dos nossos familiares, como nos colocamos neles? O estudo das composições elementares ganhará maior alcance se descermos a níveis de detalhe muito elucidativos ao serem pesquisadas as qualidades primitivas envolvidas. Numa dominante terra, por exemplo, a investigação deverá sempre nos levar a definir, dentre o seco e o frio, qual destas qualidades primitivas prevalece na personalidade estudada. Como é fácil constatar, muitas informações poderão ser obtidas quanto a problemas de saúde, níveis de convivência, maneiras de se abordar o outro etc.

De um modo geral, quando encontramos, numa sinastria, oposições entre dois astros, precisamos entender que esse aspecto, a princípio de natureza abertamente conflitual,  poderá se tornar muito estimulante. Nunca devemos esquecer, neste item das sinastrias, de considerar qual a situação das pessoas envolvidas: sexo, idade, nível de escolaridade, situação social, tipo de ligação existente entre elas etc. Mais ainda: devemos sempre ter em mente a natureza essencial dos planetas considerados e a sua tonicidade. Marte, em qualquer circunstância, será sempre energético, Júpiter será sempre expansivo, Urano será sempre estimulante, Plutão radical etc.

Exemplo: minha segunda casa é sagitariana (para mim, dinheiro, bens, valores e especulações podem estar relacionados com o exterior, religião, magistratura etc). Eu coloco o meu Júpiter no mapa de alguém com essas características. Mas esse alguém tem uma forte dominante terra. Problemas surgirão certamente. Mais
COUP  DE  FOUDRE
exemplos: A tem o Sol a 3º de Peixes, B tem Vênus a 4º de Peixes. Certa atração? Urano permanece por algum tempo sensibilizando esses dois graus. Atração, faíscas entre A e B? Urano, aliás, é preciso não esquecer, tem muita responsabilidade nessas relações que acontecem na base do coup de foudre, paixão fulminante e repentina.  


Minhas quadraturas, oposições ou conjunções podem ser afetadas por alguém. Exemplo: tenho Marte na terceira casa, em Gêmeos;
SATURNO
um parceiro entra com seu Saturno na minha nona casa, de onde é feita tanto uma quadratura com a cúspide da minha sexta casa como uma oposição à minha terceira casa. De um modo geral, alguém que coloque planetas na minha sexta casa afeta a minha agenda, meus hábitos alimentares, meu método de trabalho etc. Planetas na minha casa doze me afetam inconscientemente, me deixam confuso, fóbico, me atemorizam, fico doente. O ascendente de alguém na minha casa doze literalmente “me invade”, confundo-me, posso me sentir dominado. Marte de alguém na minha casa doze: uma ameaça real, imaginária ou traiçoeira?  Planetas na minha casa nove me levam a questionamentos, põem-me em crise, abandono a minha religião, largo meus estudos superiores, aspectos éticos e morais de minha vida podem mudar. Dali, esses planetas sempre pressionam a minha casa seis. O mesmo se diga da casa três: a seis e a doze sempre de algum modo serão afetadas, já que uma quadratura as atinge.


Problemas de saúde costumam aparecer por dois aspectos muito mal estudos pela astrologia oficial, o semi-sextil e o quincúncio. O primeiro é sempre fonte de grande irritação, pois põe em relação signos de energias muito conflitantes. Sol em Áries, Mercúrio em Touro. Ao longo de anos, se não entendido e trabalhado o aspecto, o atrito diário entre ambos os planetas poderá me pôr doente. Vênus na casa dois (Touro), Mercúrio em Gêmeos, na casa três. Informações descuidadas e a ansiedade geminiana podem prejudicar minha estabilidade econômico-financeira. 

Já o quincúncio sempre será fonte de frustrações que levam a somatizações, pois tem características das casas seis e oito. Os signos envolvidos num quincúncio não são “simpáticos” entre si; o que temos nesse aspecto são sobretudo vivências e sensações desagradáveis que se apossam de nós: achamo-nos pressionados, vemo-nos obrigados a assumir a responsabilidade por pessoas ou afazeres que não são os nossos,  não nos priorizamos diante da vida, sacrifícios de nossa parte são exigidos. Esse aspecto é um grande produtor de irritação, de mágoas, de ressentimentos, pois, com ele, a alternativa que se oferece a nós, em grande parte, é a de servir e/ou sofrer. A dinâmica do quincúncio é de Marte (ascendente), Mercúrio (casa seis) e Plutão (casa oito). A melhor maneira de se resolver o quincúncio é, neste caso, a saída por Libra, um pouco para o outro e um pouco para nós. No quincúncio, corremos sempre o risco de beneficiar mais (totalmente?) o outro que a nós. Nesse sentido, quincúncios mais complicados são os que envolvem a Lua, Vênus, Saturno e Netuno. Com eles, não usamos bem as nossas energias, pois as ideias presentes são as de serviço (Virgo) e sensação de morte (Escorpião), tudo em meio a muitas frustações, doenças, ressentimentos, culpas, remorsos, ódio, recalques etc. 

Exemplo: Vênus quincúncio Júpiter: por razões de segurança afetiva ou material ficam prejudicados a minha expansão, meu desenvolvimento mental ou espiritual. Ajusto-me demais ao outro, fico na mão dele, submetendo-me a abusos e indignidades. Me coloco sempre em segundo plano nas relações afetivas, tornando-me inferior. Posso adaptar-me demais ao outro, não me valorizo. Colegas e amigos levam vantagens. Deixo-me explorar. Exagero o que esperam de mim, vejo desafios nunca materializados. Meu grande desejo de aprovação prejudica o meu desenvolvimento. Não me respeito. 

Outro exemplo: Lua quincúncio Urano: dificuldades de integração a grupos, muita relutância diante de ideias novas, vida na base do quando e do se, sensação de incompetência e de inadequação porque não sei me desligar da gruta. Pessoas com este aspecto costumam esconder os seus sentimentos recalcando-os, e acabam fazendo sacrifícios para favorecer pessoas (familiares) que, a rigor, não os merecem. Deixo-me chantagear em nome de valores familiares, raciais, patrióticos etc. Liberdade sacrificada em nome da família, do sangue. Em termos físicos, agressão às áreas e funções lunares do corpo.  

Eclipses: Os eclipses são fenômenos celestes que, dentre outras possibilidades significativas, podem causar problemas de saúde. Geralmente, aplica-se o nome de eclipse quando os luminares estão envolvidos. Eclipse (etimologicamente, ekleipsis quer dizer desaparecimento) é o obscurecimento total ou parcial de um corpo celeste por outro.


ECLIPSE   LUNAR

Os eclipses falam de confrontações, de reavaliações, de algo que inclusive pode ser iniciado ali, na casa onde cai. Os eclipses lunares são geralmente mais difíceis de enfrentar construtivamente que os solares. Os eclipses, em geral, sensibilizam certas áreas de um mapa, marcam pontos, salientam áreas; onde caem, põem em evidência por um período longo, de seis meses às vezes, as questões da casa. Os mais pesados são obviamente os que atingem as casas angulares. No MC, por exemplo, temas como vida profissional, carreira, mudanças ou conflitos de poder costumam se fazer presentes. O eclipse mais traumático é o que afeta primeiro o Sol e depois a Lua (com esta, nos vemos invariavelmente obrigados a voltar ao passado, a refazer caminhos). Quanto mais exato, por aspecto, pior o eclipse. Nossa atenção será sempre exigida na área em que ele cai. Para fins médicos, os mais perigosos são os que envolvem o Sol, a Lua, o ascendente, e as casas seis e doze.


ECLIPSE   SOLAR

O mapa a partir do nó lunar sul - Este mapa é usado por alguns
ROBERT  C.  JANSKY
astrólogos para o levantamento de informações adicionais sobre os problemas de saúde apontados no tema natal. Quem mais divulgou o seu uso foi o astrólogo Robert Carl Jansky (Introdução à Astrologia Médica Holística), acima citado. Com reservas, fica aqui a indicação para os que desejarem se valer das indicações de tal mapa.