quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ARIES (3)



ILÍADA


Aquiles é a figura mais importante do poema homérico A Ilíada. Tétis, a nereida, filha de Nereu e de Doris, era lindíssima, corteja por deuses. Uma sentença oracular  declarara que se um filho dela com uma divindade nascesse ele se tornaria mais poderoso que o pai. Os candidatos mais próximos, Zeus e Poseidon, logo desistiram e procuram alguém para casá-la. Aparece Peleu, que, orientado pelo centauro Kiron, conseguiu submeter a bela nereida, apesar de suas sucessivas metamorfoses. O casamento se realizou com grande pompa no monte Pelion, recebendo os noivos inúmeros presentes. Um acontecimento, todavia, perturbou a solenidade. A deusa Éris, a Discórdia, por não ter sido convidada, jogou no recinto o famoso pomo da discórdia, de tão triste memória, causador, para muitos, da guerra de Troia.


JULGAMENTO   DE   PARIS  ( ENRIQUE  SIMONET , 1904

Depois de seis filhos consumidos pelo fogo, na ânsia de torná-los imortais, Tétis resolveu mergulhar o último nas águas do rio Estige,
TÉTIS  MERGULHA
AQUILES  NO  ESTIGE
que tinham o poder de tornar invulnerável tudo o que nelas fosse mergulhado. Essa criança era Aquiles, cujo calcanhar, porém, não foi banhado pelas águas, pois por ali a mãe o segurara. Já um esplêndido jovem, Aquiles foi enviado à gruta de  Kiron. Consta que o centauro operou o calcanhar de seu jovem pupilo, nele implantando um osso do gigante Dâmiso, o maior corredor que já existira, jamais vencido. Cuidaram do seu rápido restabelecimento a mãe do centauro, Fílira, e  sua esposa, a ninfa Cáriclo.

EDUCAÇÃO  DE  AQUILES
( J.B. REGNAULT , 1820 )
A partir dos doze anos, Aquiles fora adestrado nas cinco artes que Kiron passava a todos os jovens que queriam ingressar no caminho heroico, na caça (Cinegética), na equitação (Hípica), na medicina (Iátrica), na luta (Agonística).  Kiron passou-lhe o respeito pelos mais velhos, a defesa da honra pessoal, o amor à verdade. Ao chegar à gruta do centauro mestre, Aquiles chamava-se Líguiron (agudo, sibilante).O jovem se alimentava das entranhas de leões e de javali, de moelas de ursos, tudo para adquirir coragem, força, vigor. Do mel, recebia doçura e afabilidade.

Calcas, o adivinho, profetizou que a cidade de Troia, na Ásia, só seria conquistada com a participação de Aquiles. Tétis veio do fundo do mar e escondeu o filho, vestindo-o de mulher para que ele não fosse convocado. Assim, educado como uma jovem, passou Aquiles muito tempo. Chegando a profecia ao conhecimento dos chefes militares aqueus, foram eles buscá-lo, sendo-lhes difícil
MORTE  DE  AQUILES
( VEYRIER )
reconhecer no meio das moças aquele que seria o maior guerreiro de todos os tempos. A perspicácia de Ulisses acabou por descobri-lo. Engajado, Aquiles foi à luta com um amigo, Pátroclo, e o preceptor Fênix, comandando uma tropa tessaliana, com cinquenta barcos. Tétis sabia que o filho se fosse a Troia teria uma glória eterna, mas sua vida seria breve. Se ficasse, viveria muito, sem nenhuma glória. Aquiles, conhecendo o dilema, optou pelo morrer jovem. 

ODISSEU  E  NEOPTÓLEMO
Indo para a guerra, Aquiles deixou para trás amores, um filho, Neoptólemo, mais tarde chamado de Pirro (Pirra era o nome "feminino" de Aquiles). Depois de alguns acontecimentos preliminares, as tropas gregas, devido a uma tremenda calmaria enviada pela deusa Ártemis, ausência total de ventos, ficaram imobilizadas em Áulide. A deusa reclamava o sacrifício de Ifigênia, filha do comandante de todos os gregos, Agamemnon. Este, para atrair a filha sem despertar suspeitas, falou em casá-la com Aquiles, que nada sabia da história. 

Já no décimo ano da guerra que não se resolvia, Aquiles e Agamemnon tiveram uma séria desavença. Este último mandara buscar a escrava e amante de Aquiles, Briseida. Atingido em sua
SACRIFÍCIO DE IFIGÊNIA  
honra pessoal, Aquiles retirou-se da luta. A vitória dos aqueus ficou ameaçada. Tétis, a mãe do herói, subiu aos céus e foi pedir a Zeus que tornasse os troianos vitoriosos enquanto Aquiles não combatesse. Zeus atendeu-a; os acontecimentos começaram a favorecer os troianos, embora a guerra ainda não tivesse chegado ao seu auge. Diante da derrota iminente, Agamemnon se retratou: devolveria Briseida e daria a Aquiles mais vinte escravas dentre as mulheres mais belas de Troia, além de, como prêmio máximo, lhe concederia como esposa uma de suas filhas. Aquiles se manteve irredutível. 

AQUILES   E   PÁTROCLO
Pátroclo, grande amigo de Aquiles, seu companheiro de tenda, partiu em socorro dos gregos, desmoralizados por sucessivas derrotas. Aquiles consentiu que o amigo partisse, emprestando-lhe sua armadura. Pátroclo acabou sucumbindo, golpeado por Heitor, herói troiano. Tomado por imensa dor, Aquiles acabou se reconciliando com Agamemnon, voltando à luta, apesar de seu cavalo, Xanto, que tinha o dom da profecia, lhe ter anunciado sua morte próxima. Desprezando o aviso, avançou contra os troianos como uma máquina de guerra em movimento. Heitor tentou atingir Aquiles. O deus Poseidon interveio, livrando-os do choque mortal. Depois de vários escaramuças, Aquiles e Heitor voltaram a se encontrar. Zeus se decidiu pela morte do troiano. Ao morrer, Heitor falou a Aquiles sobre a hora de sua morte, que estava bem próxima. Aquiles, tomado pelo ódio, mutilou o corpo de Heitor, nunca esquecendo que ele matara Pátroclo. 


AQUILES  MATA  PENTESILEIA
( A.ROTHAUG , 1870 - 1946 )
Nesse ínterim, as Amazonas entram na luta, em socorro de Troia. Aquiles selvagemente mata Pentesileia, a rainha da mulheres guerreiras. As lutas prosseguiram, o número de mortos aumentava. A cólera de Aquiles pela morte de Antíloco foi enorme. Preparava-se o filho de Tétis para o assalto final às muralhas de Troia. Teria tomado a cidade certamente se o deus Apolo não o intimasse a parar a luta. Não sendo atendido, Apolo guiou uma flecha disparada  por Páris para que ela atingisse
NINFAS ( BOUGUEREAU )
o único lugar vulnerável de Aquiles, o calcanhar. Em meio a estertores, lançando gritos de cólera e dor, Aquiles tombou finalmente morto. A disputa pelo seu corpo foi grande, conseguindo Ulisses e Ajax recuperá-lo. Os funerais foram celebrados por Tétis, pelas Ninfas, pelas Musas. Palas Athena passou ambrosia no corpo de Aquiles para que ele não entrasse em putrefação. Todos lhe prestaram homenagens até que o fogo acabou por consumi-lo totalmente. 



MUSAS

Uma versão nos informa que Aquiles teve suas cinzas reunidas às de Pátroclo e levadas para o alto de um promontório para que todos, inclusive os navegantes, vissem a urna funerária do grande herói e de seu amigo. Outras versões registram que Tétis levou a urna para uma ilha deserta, chamada Leuce, a Branca. Outros ainda contam que Aquiles passou a viver nessa ilha, que fica na foz do Danúbio. Os navegantes narram que durante certas noites são ouvidos, vindos da ilha, ruídos do entrechoque de armas, cantos guerreiros e de banquetes. Por fim, outras versões narram que o

herói se encaminhou depois de morto para os Campos Elíseos, no Hades, onde se uniu a Polixena, por quem sentiu grande amor, uma filha de Príamo, rei de Troia. Outros dizem que o herói no Hades se uniu a Medeia ou com Ifigênia ou com Helena. A Odisseia nos mostra Aquiles entre os mortos num diálogo com Ulisses, quando este, realizada a  cerimônia de invocação das almas (Nekya), ouve do eídolon do herói uma triste confissão, a de que, no fundo, teria preferido a vida longa, mesmo que na condição de um humilde servidor de um pobre camponês. 

Ainda com relação ao mundo grego, registre-se que o signo de Áries tem relação com o primeiro trabalho tem Hércules. Neste trabalho, ele recebe a incumbência de ir à Bistônia, onde reinava Diomedes, filho do deus Ares e de Pirene. Este rei possuía éguas selvagens, negras, antropófagas, que vomitavam fogo. Alimentavam-se de carne humana, principalmente dos estrangeiros que se atreviam a entrar no território trácio, onde ficava o reino. Elas geravam cavalos indomáveis, destruidores, que soltavam fogo pelas ventas. A tarefa de nosso herói foi a de dominar os animais (símbolo do psiquismo inconsciente) e levá-los a Micenas (para maiores informações, veja neste blog a matéria sobre os doze trabalhos de Hércules).

Áries rege o nascimento do dia, a aurora, a hora dourada matinal. É, por isso, o signo dos precursores. Uma incursão ao que os chineses nos deixaram será sempre válida para iluminar melhor o
que até se disse sobre Áries, sem dúvida. Dentre os 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações dos chineses, o signo de Áries corresponde ao hexagrama Tai, Paz, no simbolismo chinês, querendo isto significar que os dois princípios universais (yin e yang) devem procurar atuar em harmonia. No simbolismo ocidental, nós atribuímos a guerra a este signo. Tanto a paz como a guerra, lembra o I Ching, dependem antes de mais nada do início da ação, que é do signo de Áries (todos os inícios são de Áries). A guerra e a paz dependem muito do modo pelo qual iniciamos uma ação.  

O hexagrama Tchen é também de Áries na medida em que ele significa despertar e também trovejar. É sob a inspiração deste hexagrama que dentro do yin aparecem os traços do yang, gerando este impulsos de exteriorização. Este movimento é normalmente imprevisível, inopinado, geralmente cheio de exasperação, que costuma provocar medo, pânico. Os chineses viam estes acontecimentos, por exemplo, nas tempestades de primavera, entre março e abril. 

O terceiro hexagrama do signo é Li, o fogo, manifestação que não tem forma limitada; é ele quem anima o corpo, quem o põe em movimento. Daí ser Áries o signo que governo todos os inícios, todos os germes. Tem relação com o amanhecer, com todos os começos, que em todas as tradições sempre foram revestidos da maior importância. Os gregos, por exemplo, colocavam a iniciação aos Mistérios de Elêusis quando da chegada da primavera, fazendo-a coincidir com as Antestérias, as festas das flores.     

O signo de Áries corresponde ao leste, ao oriente, ao nascente do dia. Sua pedra preciosa é o rubi, a pedra do sangue, utilizada antigamente na Homeopatia para a preparação de anti-hemorrágicos; ela dá vigor e clarifica o sangue. Os hindus lhe dão o nome de ratnanavaka, “o senhor das pedras preciosas”. Por causa de sua cor, sempre apareceu o rubi associado ao fogo, representando as virtudes arianas, ousadia e bravura. Sempre considerada a pedra dos amantes, o rubi ajuda a superar as decepções e mágoas no amor, favorecendo as reconciliações. Durante milênios, na antiguidade, misturou-se pó de rubi à água para o tratamento de inflamações oculares. A pedra era também muito eficaz no tratamento da hidropisia e de hemorragias. 

O mais belo e maior dos rubis é, como o chamam os franceses, o escarboucle (poderíamos traduzir essa palavra por escarbúnculo, mas ela não existe no nosso léxico), pedra famosa por atravessar com os seus raios a escuridão. Na literatura fantástica, era a pedra da qual eram feitos os olhos de dragões e de determinadas serpentes. O escarboucle foi parar na poesia romântica alemã com o nome de karbunkel  para representar, arianamente, os desejos mais ardentes escondido no coração do homem. 

As manifestações tempestuosas do céu na entrada da primavera são, entre os chineses, expressões do yang, coincidindo com o
DRAGÃO
despertar da vida, com o aparecimento da vegetação, com a renovação cíclica. Quem representa este momento cósmico entre eles é o dragão, que corresponde ao leste, ao oriente, ao equinócio da primavera. Este dragão mergulhará no tempo devido, seis meses depois, no abismo, no equinócio do outono. Para os chineses, correspondem a Áries o trono, o dragão, o primogênito, o bambu, o cálamo, o junco, as plantas de rápido crescimento, as pedras vulcânicas, a lava, o ferro e tudo o que com ele se elabore. O simbolismo chinês e americano colocam o tigre e o jaguar sob a tutela do signo 

Em todas as culturas do mundo mediterrâneo, nas quais temos tanto pastores nômades como agricultores mais ou menos fixados à terra, o carneiro novo, até a idade de um ano, era (é) chamado de cordeiro, usado para simbolizar o ser humano cândido e pacífico.
Esse animal, no mundo cristão, passou a ser chamado de cordeiro de São João. Pela sua brancura imaculada, luminosa mesmo, o pequeno animal foi logo considerado como uma cratofania primaveril. Era a encarnação do que era novo, o triunfo das forças vitais que sempre se regeneravam. Neste sentido o animal é a vítima propiciatória enquanto representa a humildade e a inocência. Por isso, assumirá, como símbolo, um papel muito importante no mundo judaico-cristão e muçulmano. 

O cordeiro simboliza a criatura inocente, que se torna facilmente a vítima do lobo, que, neste exemplo, representa a voracidade, a vida instintiva, a ferocidade, o diabólico, a tentação. Já o carneiro, bem diferente do cordeiro, simbolizará a vitalidade, a resolução descontrolada, o impulso incontido. O cordeiro, um dos primeiros animais domésticos do homem, desde os tempos do neolítico, passou a encarnar a pureza, a inocência, a mansidão, a ingenuidade, e, como tal, sempre foi considerado como a vítima sacrificial por excelência.     

Os muçulmanos considerarão também o cordeiro do mesmo modo, como a vítima sacrificial de todas as ocasiões, cuja expressão maior está na Grande Festa (Aid-al-Kebir). Lembremos que o cordeiro branco já era imolado em honra a deuses e heróis no mundo greco-romano. Esta ligação do cordeiro ao sacrifício está bem evidente no cristianismo numa passagem do Evangelho de S.João  ao nele se registrar o que João Batista disse quando viu Jesus: Eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Para os mais interessados, ao se falar deste tema, valerá sempre visitar, como possível, uma das mais belas obras pictóricas de todos os tempos, O Cordeiro Místico, de Van Eyck, séc.XV, obra-prima da arte flamenga, Bélgica. 


O   CORDEIRO   MÍSTICO  ( VAN  EYCK )

A primeira indicação de Áries nos céus foi feita, ao que parece, pelos mesopotâmicos sob o nome de Luhunga, que pode ser traduzido como “O que trabalha diariamente”. Já os árabes, bem antes de terem adotado a representação celeste de Ptolomeu, davam a esta constelação o nome de Al Hamal, O Cordeiro, para eles ocupando nos céus longitudes muito maiores que as dos gregos.

DANTE  ALIGHIERI
Os romanos, além de Áries, davam à constelação que abria o Zodíaco o nome de Phrixea Ovis, Portitor Phrixi, Phrixium Pecus ou Phrixi Vector, numa homenagem clara a Frixo, o filho do rei Atamas. Dante Alighieri mencionou a constelação em A Divina Comédia, italianizando-a, dando-lhe o nome de Montone (carneiro).


MARTE
O signo de Áries tem relação com o início da idade do ferro, metal tutelado por Marte, regente do signo, enquanto o Sol, nele se exaltando, governa o ouro. Esta idade, que durou 2.160 anos, começou quando o Astro-Rei entrou no signo de Áries. Ela foi marcada de modo especial pela civilização romana, notadamente guerreira, nela se destacando dentre todas as divindades Marte, o deus da guerra. 

Dentre as inúmeras possibilidades significativas encerradas no signo de Áries,  que nos lembram a primariedade, possibilidades que se manifestaram em direção da vida das coletividades, não podemos esquecer que, ao longo da História, foram os países tutelados pelo signo do Carneiro que deram início a grandes movimentos históricos. A mais notável manifestação ariana na antiguidade , como se disse, foi o aparecimento e a expansão da civilização romana. 

BISMARCK
Em tempos mais próximos, tivemos o exemplo da Alemanha do séc. XIX, uma criação tipicamente ariana,centralizada na figura de Otto von Bismarck, o chamado Marechal de Ferro, o grande unificador do país através de uma política de força. Mais perto de nós ainda, temos o exemplo de uma "coincidência" muito significativa que vem em abono do que estamos a expor: quando o Sol, a 21 de março de 1933, ingressou no signo de Áries, Hitler, nesse dia, com o seu famoso discurso na capela de Potsdam, dava por constituído o novo Reichstag.

Segundo esta mesma perspectiva, o exemplo japonês também poderá ser aqui invocado. O Japão, sob o ponto de vista astrológico, é um país tipicamente ariano. Do século XIX para o século XX tornou-se a primeira potência não-europeia e a segunda economia do mundo. Montando uma indústria moderna e formando quadros militares eficientes, que passaram a controlar em grande parte a indústria, o Japão, como se sabe, envolveu-se em aventuras bélicas (Mandchúria, China e USA), além de ter formado, com a Alemanha e a Itália, durante a segunda guerra mundial, sob o nome de Potências do Eixo, a frente militar que lutou contra os Aliados. 

Metal ariano, lembre-se que na história da humanidade, o ferro, por ser superior à pedra e ao bronze, assim que descoberto, passou logo a ser empregado sobretudo na fabricação de armas, instrumentos satânicos da guerra e da morte, consagrados a Marte. Tornou-se assim o símbolo de uma energia dura, impura, infernal, ctônica, porque retirada das profundezas da terra. Daí, simbolicamente, por suas qualidades físicas, ele representar a inflexibilidade, o rigor excessivo, a obstinação, a teimosia.  Em poucas culturas, o lado positivo do ferro, foi celebrado, como um símbolo da fertilidade, mas sempre cercado o seu uso, sob este aspecto, por muitas interdições. Uma das mais notáveis diz respeito ao efeito deletério que o ferro causava pelo seu toque. Os herboristas da antiguidade não utilizavam nenhum instrumento de ferro para coletar as suas plantas. Os druidas, por exemplo, só as colhiam, o agárico, o visco, sua planta sagrada, com uma pequena foice de ouro.  

A constelação de Áries estende-se de 18ºÁries a 20ºTouro. As suas

principais estrelas são: Hamal, alfa, de 2ª magnitude, a 75 anos-luz da Terra; Sheratan, beta, de 3ª magnitude, a 52 anos-luz da Terra; Mesartin, gama, e Botein, delta, ambas próximas da 5ª magnitude. A primeira, para os acádios, seria também uma representação de Aloros, que reinara antes do dilúvio. Mesartin é uma das estrelas duplas mais famosas do céu. Os árabes viam nessa estrela uma espécie de tripé formado por três pedras para sustentar caldeirões onde eles, ao fogo, na sua cozinha ao ar livre, preparavam sua comida. Pesquisas arqueológicas realizadas na Grécia (Francis Penrose, arqueólogo inglês) indicam que muitos templos, como aconteceu no Egito, foram construídos com base na posição de estrelas. No caso da
ASTRONOMIA
Grécia, Penrose nos informa que entre 1.580 e 360 aC a construção de cerca de oito templos, no mínimo, foi orientada por Hamal, a maioria em homenagem a Zeus e a Palas Athena, a quem muitos astrólogos greco-latinos (Marcus Manilius, por exemplo, contemporâneo dos imperadores Augusto e Tibério, do séc. I DC, como está no seu poema Astronomia) chegaram a atribuir a regência do signo de Áries. 

Não podemos esquecer que São Paulo, o apóstolo dos gentios, escolheu o Areópago para lá proferir aos atenienses o seu famoso
POETICE ET ASTRONOMIE
( ARATEORUM )
sermão Agnotos Theos (A Um deus Desconhecido). No sermão, aparece ipsis literis a citação de um verso muito comentado do poema Phaenomena, de Aratos, 270 aC, que fala de constelações zodiacais. Algumas exegeses viram nesta passagem uma clara referência astrológica, conhecida por Paulo, já que tanto ele quanto o poeta eram conterrâneos. Tarsus, onde Paulo e Arato nasceram, ficava na Cilícia, hoje Turquia.

AREÓPAGO
O Areópago era uma pequena colina de Atenas, assim denominada em honra ao deus Ares. Era o local sede de um tribunal ateniense no qual eram julgados crimes administrativos de homens públicos e atentados aos costumes em geral. Esse tribunal tinha a ver também com questões educacionais e de ordem pública (polícia). No governo de Péricles foi retirada desse tribunal a função de supervisionar a administração pública, cabendo-lhe apenas a jurisdição em matéria criminal. O tribunal do Areópago era célebre pela elevada moralidade de seus membros, princípio que eles sempre procuraram  manter mesmo nos períodos de maior corrupção da polis.

Áries assumiu, entre 1.700 e 1600 aC, como vimos, a condição de constelação heliacal com relação ao equinócio da primavera. Assim, deve ficar claro por isso para nós que a cada vez que o equinócio da primavera se move na direção de uma nova constelação uma nova era se inicia e novos deuses surgem. Com o movimento equinocial das estrelas de Touro (a era de Touro se estendeu de 3.822 a 1.662 aC) para as de Áries,  ocorrido exatamente no ano de 1.662 AC, essa mudança deixou para trás,
ENLIL
mas não “mortos”, divindades e mitos que eram representadas ou que tinham o touro como tema em muitas civilizações (Rudra e Indra na Índia; Enlil entre os babilônicos; El, entre os semitas; Apis, entre os egípcios; Mitra, entre os persas; Zeus, Poseidon e Dioniso, entre os gregos etc.). 

Ao ingressar a humanidade na era de Áries, como sempre acontece, novas divindades surgiram, as monoteístas. Lembremos que poucos séculos antes de se iniciar a era de Áries ocorreram as grandes migrações das tribos guerreiras indo-europeias. Essas migrações se encaminharam na direção da futura Índia (árias), na direção da Grécia (aqueus) e na direção da Europa ocidental (celtas). O que caracteriza sobretudo a era de Áries é que os três níveis do fogo se manifestaram ao longo dela de modo muito evidente. 

Sob o ponto de vista espiritual, religioso, o fogo deu origem ao monoteísmo, as  religiões de um deus único, centralizador, patriarcal, um modelo religioso tipicamente ariano que foi se impondo sobretudo através de guerras de conquista e aventuras colonialistas, com deuses únicos que não dividiram seu poder e
AMON-RA
glória com mais nenhum outro. Um dos modelos religiosos mais bem acabados desse período é o judaico, com Javé, como divindade absoluta. É nesse período que, no Egito, Amon-Ra se imporá como deus único, que usa como símbolo os chifres do carneiro com o título de “O Senhor da Cabeça”. Depois, como acima mencionado, Aton, por um tempo, se fixará como deus único. Não é por acaso que os gregos aproximarão também bastante o seu Zeus de Amon-Ra e que ao nome de Apolo se agregará o de Karneiros.

É ainda na esfera expressiva do fogo considerado espiritualmente que teremos, na era de Áries, o aparecimento de grandes figuras como Buda, Mahavira, Zaratustra, Lao-Tse, Confúcio, Pitágoras, Patanjali e outros. Maomé será o último representante desta série, na era de Áries, embora nascido na era seguinte, a de Peixes , por volta de 600 dC. O mesmo aconteceu com Jesus Cristo, nascido na era de Áries, mas cuja figura se projetará  inteiramente na era seguinte, 

Na era de Áries, conservada a mesma ideia ligada a esse elemento, é que teremos, sob o ponto de vista intelectual, as primeiras elaborações filosóficas no ocidente, a partir da chamada escola pré-socrática. A Filosofia é, nesse sentido, uma criação típica era de Áries.  Em resumo, pois, na era de Áries, temos as três grandes manifestações da vida humana através do fogo, instinto, intelecto e espírito. Sob o ponto de vista instintivo, as migrações tribais a partir do mundo indo-europeu e as invasões que vão dar origem ao mundo ária (Índia), ao mundo aqueu (Grécia) e ao mundo celta (Europa ocidental, Inglaterra e Irlanda). Sob o ponto de vista intelectual, a substituição do mito pelo logos e o aparecimento das primeiras elaborações filosóficas e cosmológicas gregas. Sob o ponto de vista espiritual, o fogo nos revelou grandes profetas e as três religiões monoteístas, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.


ÁRIES
Ptolomeu atribui às estrelas situadas na cabeça do Carneiro influências marcianas e saturninas. Hamal, hoje a 6º 58´ de Touro, e Sheratan,   a 3º 16´ de Touro são as duas únicas consideradas pela Astrologia. Na era seguinte, a de Peixes, uma nova religião se fixou para assumir um primeiro plano na vida religiosa da humanidade, trazendo a demonização de muitos aspectos do Carneiro. Não é por acaso que o símbolo deu origem a máquinas de guerra (aríete) que permitem derrubar portões e muralhas das cidades sitiadas, isto é, abrir a carapaça protetora das coletividades. Se na Grécia, na Beócia, o carneiro aparece associado à figura de Hermes (Hermes Kriophoro, o Bom Pastor), em Esparta ele vem com Apolo Karneiros, o lado guerreiro do deus.

Negro, o carneiro adquire importância na necromancia. Além do mais, por seu temperamento incontrolável, fogoso, convulsivo, desmedido, ele passou a representar no mundo cristão uma das formas que o Diabo e feiticeiros poderiam tomar. Em inúmeras tradições, entre as aparições fantásticas do Diabo, são comuns as do carneiro negro, que vomita chamas. 

Hamal, nos mapas, costuma indicar um ponto onde uma certa independência e determinação podem se manifestar, mas sempre difícil o foco. No seu pior lado, Hamal é contestação, frustração ou inabilidade para lidar com os princípios de autoridade e vida
HELENA   BLAVATSKY
familiar e social. No seu melhor papel, Hamal, próxima do Sol, desde que este esteja com dignidade e bem aspectada, pode proporcionar alguma liderança, posições de destaque etc. Em temas femininos, acentua traços marcianos, podendo inclusive virilizar (a chamada mulher fálica da Psicologia). Um bom exemplo para se estudar esta estrela é o que nos oferece o mapa de Helena Blavatsky, a fundadora da Sociedade Teosófica. 

Quanto a Sheratan, é palavra que significa duplo signo em árabe, já que esta estrela marcava tanto o equinócio vernal como o início do ano. Considerada mais violenta e agressiva que Hamal, Sheratan atua mais na direção do corpo físico e na vida material, podendo ocasionar ferimentos, destruição pelo fogo, levar a disputas e terremotos.